segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O Santo Agostinho dentro de nós

"Tinha dentro de mim uma fome de alimento interior - fome de Ti, ó meu Deus. Mas, não sentia essa fome, porque não me apeteciam os alimentos incorruptíveis, não por estar saciado, mas porque, quanto mais vazio, mais enfastiado eu me sentia."

Desde o ano passado estive lendo com uma certa vagarosidade o livro "Confissões" de Santo Agostinho e não posso negar que lê-lo traz uma calma imensa ao coração. Ele é grande, pesadinho e devagar. Deveria existir leitura diaria dele como se tem da Bíblia. Porém, cada vez que se lê e vê o crescimento, o amadurecimento, os erros e os sentimentos abundantes nele (a culpa, a dúvida, o amor, a extrema dor entre outros) é impossível não ter uma visão mais doce sobre Agostinho. D A humanidade do Santo Agostinho é admirável. Ele descreve sobre temas variados como tristeza, felicidade, Deus, arte, compreensão do mundo e isso o torna  uma fonte inesgotável de sabedoria. eixarei então aqui, algumas marcações que eu fiz nesse livro que eu achei na Saraiva (não é fácil achar livro assim na Saraiva HAHA).


"Os carinhos dos voluptuosos bucam a reciprocidade do amor, mas nada é mais acariciante do que Tua caridade, e nada mais salutar para ser amado, que a tua verdade, a mais bela e resplandecente de todas as coisas.
A curiosidade quer aparentar interesse pela ciência mas só Tu conheces plenamente tudo.
Até a ignorância e insipiência cobrem-se com o manto da simplicidade e da inocência, mas nada é mais simples, nada é mais inocente que Tu. As próprias obras é que prejudicam os malvados.(...)

A luxúria quer ser chamada de saciedade e abundância, mas , só Tu és plenitude, tu és a fonte da cuavidade enxaurível e incorruptível."


"E como a compaixão está sempre acompanhada de sofrimento, não seria por essa razão que apreciamos os sofrimentos?"


"Verdade, verdade! Já então, suspirava por Ti do mais íntimo do meu ser, enquanto eles faziam ouvir o teu nome tantas vezes e de várias maneiras, mas apenas com os lábios através de numerosos e pesados volumes!"


"Eram-me apresentadas fantasias brilhantes; teria sido melhor amar o próprio Sol, verdadeiro ao menos para os olhos, em lugar daquelas falsidades destinadas a enganar a inteligência através dos olhos. Alimentava-me, no entanto, de tais manjares, porque julgava que eras Tu, mas na realidade não o fazia com grande avidez, porque não tinha autêntico sabor; e longe de me nutrirem, me debilitavam cada vez mais. A comida em sonho é muito semelhante á comida real, mas os que soinhoam não se alimentam, porque dormem."


"Que loucura não saber amar os homems como eles são! Todo de quem não sabe suportar a condição humana. Assim era meus sentimentos de então,  e por isso me inquietava, gemia, chorava e me agitava, sem encontrar paz, sem saber o que fazer. Trazia a alma despedaçada,a escorrer sangue, qual fardo importuno do qual não sabia descartar-me. Não encontrava paz nos bosques amenos, nem nos jogos e cânticos, nem nos jardins perfumados, nem nos banquetes faustosos, nem nos prazeres do amor e tampouco nos livros e na poesia. Tudo era insuportável, até a luz do dia. Tudo que não era ele, era triste e odioso, exceto os gemidos e as lágrimas, pois somente nisso eu encontrava um pouco de paz. Quando me privavam desse alívio, minha alma era oprimida ao peso de grande angústia. Senhor, eu sabia que a Ti deveria erguê-la, para que ficasse curada, mas não o queria nem podia, tanto mais que, ao pensar em Ti, não me aparecias como algo real e consistente. Não eras Tu. O meu deus era um fantasma irreal, era meu erro. Se aí tentava pousar a alma para descansar, deslizava pelo vácuo e caía sobre mim, continuando eu a ser um foco de infelicidade para mim mesmo, onde não podia permanecer e de onde não podia fugir. paar onde o coração me fugiria de si mesmo? para onde fugiria de mim mesmo? Para onde eu não me seguiria?"





Um comentário:

  1. Bela seleção de Agostinho. Você conhece a história da mãe dele, antes dele ser "o santo" ?
    Bjs
    W

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